O primeiro jogo oficial da série The Boys não nasceu em Hollywood, nem em Los Angeles, nem em Tokyo. Nasceu em São Paulo. Em março de 2026, o estúdio brasileiro ARVORE lança The Boys: Trigger Warning, um jogo de realidade virtual que promete ser o mais fiel — e mais perturbador — já criado para a franquia da Amazon Prime Video. O título, disponível exclusivamente para Meta Quest 3 e PlayStation VR2, custará US$ 23,99 e foi desenvolvido em parceria com a Sony Pictures Virtual Reality, sob supervisão direta dos criadores da série. E isso faz toda a diferença.
Uma adaptação que não vende ilusões
A maioria dos jogos baseados em séries de TV tenta ser um "experiência interativa" — com cenas bonitas, personagens falando, e pouca interação real. The Boys: Trigger Warning não quer ser isso. Quer ser o oposto. Quer que você sinta o cheiro de sangue no corredor da Vought, o tremor das mãos ao segurar uma arma improvisada, o horror de descobrir que seu chefe é um superpoderoso que devora crianças. "Nós não fizemos um jogo para fãs. Fizemos para quem tem medo da série", diz Ricardo Justus, CEO da ARVORE. "Se você ri de Homelander, vai se encolher quando ele aparecer aqui. E não é só efeito visual. É a voz dele. É o jeito que ele respira. É o silêncio antes do golpe. Isso é realidade virtual. Não é marketing."" O jogo se passa entre a quarta e a quinta temporada da série, quando os eventos estão mais caóticos e a Vought está em crise. O jogador assume o papel de Lucas, um funcionário brasileiro da Vought que, ao descobrir que sua família foi usada como experimento para criar superpoderosos, vira um infiltrado. Não é um herói. Não é um vilão. É um homem que perdeu tudo e decidiu que o único jeito de vingança é entrar no ninho da cobra.Os atores voltam — e trazem o pesado
O que mais assusta os fãs não é o gráfico. É a voz. Laz Alonso volta como Mother’s Milk, com o mesmo tom de voz cansado, mas mais amargo. Colby Minifie reprisa Ashley Barrett, agora mais manipuladora, mais perigosa. E então está Jensen Ackles — mas não como o Soldier Boy da série. É uma versão distorcida, quase um fantasma, criada exclusivamente para o jogo. "Ele não é um vilão. É um acidente. Um erro biológico que a Vought escondeu", explica Justus. "A voz dele é a mesma, mas a entonação... é como se ele tivesse sido desmontado e montado de novo. Por alguém que o odiava."" A trilha sonora, assinada pelos compositores originais da série, Chris Lennertz e Matt Bowen, mistura rock sujo, sons de TV antiga e batidas de coração acelerado. Em uma cena, você ouve o tema da Vought — a música alegre que toca nos comerciais — mas em câmera lenta, com fundo de gritos. É insuportável. E é intencional.Desenvolvimento: reuniões semanais com os roteiristas
O segredo do sucesso? Nada de "licença criativa". O estúdio brasileiro teve acesso total ao material original. As cenas, os diálogos, até os erros de digitação nos roteiros. Rodrigo Terra, CTO da ARVORE, conta que as equipes se reuniam toda semana com os roteiristas da série. "Eles escreveram cenas novas só para o jogo. Cenas que nem a Amazon tinha visto antes. Uma delas, onde o Homelander mata um criança em um parque de diversões — isso foi escrito por Eric Kripke. Não foi um efeito. Foi um pedido."" O jogo tem mais de 12 horas de gameplay, mas o que importa é a densidade. Você não apenas luta. Você espiona. Você se disfarça. Você entra no laboratório da Vought e vê os corpos de superpoderosos que falharam. Você ouve gravações de reuniões onde eles discutem como "controlar o público". E quando você finalmente se junta a The Boys, não é com aplausos. É com sangue nos olhos e uma pergunta: "Quem mais eles mataram?""
Um marco para o Brasil
Antes disso, o Brasil tinha estúdios bons — mas nunca um que criasse uma adaptação oficial de uma série global. O ARVORE já tinha feito sucesso com a série Pixel Ripped e YUKI, mas nada comparável a isso. Agora, o país entra no mapa da indústria de jogos de alta escala. "Isso muda tudo", diz Luiza Carvalho, analista de jogos da FGV. "O Brasil produz mais de 1.200 títulos por ano, mas quase todos são indie. Esse é o primeiro a ter orçamento de Hollywood, equipe internacional e credibilidade de um estúdio americano. Isso abre portas. Para outros estúdios. Para outros países. Para outros universos." A data de lançamento — 18 de março de 2026 — não é acidental. Coincide com o início da quinta e última temporada de The Boys, que estreia em 8 de abril. A Vought está prestes a desmoronar. E agora, você pode estar lá quando isso acontecer.O que vem depois?
A ARVORE já confirmou que o jogo terá DLCs, incluindo um modo "Vought: The Lost Tapes" com conteúdo exclusivo da série. Mas o que mais interessa é o futuro. "Se isso der certo, queremos fazer o mesmo com Chernobyl, com Succession, com Black Mirror", diz Justus. "Não queremos ser um estúdio de jogos. Queremos ser o estúdio que transforma séries em experiências que você não esquece. Que te mudam. Que te deixam com medo de ligar a TV." E se você pensa que isso é só um jogo... lembre-se: em The Boys, o que parece brincadeira sempre vira realidade.Frequently Asked Questions
Como o jogo se conecta à série de TV?
O jogo ocorre entre a quarta e a quinta temporada da série, exatamente no período em que a Vought está tentando esconder os crimes de Homelander e o colapso da equipe de The Boys. Diálogos, personagens e eventos são canônicos, com cenas escritas pelos roteiristas originais. O protagonista Lucas é um novo personagem, mas suas ações influenciam diretamente o que acontece na série.
Quais atores realmente participaram do jogo?
Laz Alonso (Mother’s Milk), Colby Minifie (Ashley Barrett) e P.J. Byrne (Adam Bourke) reprisaram seus papéis. Jensen Ackles gravou uma versão distorcida e psicologicamente alterada de Soldier Boy, exclusiva para o jogo. A voz de Homelander foi dublada por um ator brasileiro sob supervisão direta de Antony Starr, que também revisou as gravações para garantir fidelidade.
Por que só para Meta Quest 3 e PlayStation VR2?
A ARVORE priorizou plataformas com controle de movimento preciso e alta imersão. O jogo depende de gestos físicos, manipulação de objetos e movimentos corporais para funcionar. Plataformas como PCVR ou Meta Quest 2 não oferecem o mesmo nível de detalhe sensorial, e a Sony e a Meta garantiram suporte técnico exclusivo para o lançamento.
O jogo é violento demais para ser liberado no Brasil?
Sim, é extremamente violento — mas foi aprovado pela ClassInd com classificação 18 anos. A ARVORE fez uma campanha de transparência, enviando versões do jogo para críticos e jurados antes do lançamento. A decisão foi unânime: a violência é crítica, não gratuitamente gráfica. Ela serve à crítica social da série, e não é glorificada.
Onde posso comprar ou pré-reservar o jogo?
O jogo já está disponível para pré-reserva no Meta Quest Store, com desconto de 10% para pré-compradores. A versão para PlayStation VR2 pode ser adicionada à wishlist na loja da Sony. A data de lançamento é 18 de março de 2026, e não haverá versão física — apenas digital.
O que isso significa para o futuro dos jogos brasileiros?
É um divisor de águas. Pela primeira vez, um estúdio brasileiro criou uma adaptação oficial de uma série global com orçamento internacional, equipe multinacional e apoio de grandes estúdios. Isso prova que o Brasil pode competir no topo da indústria — não apenas como fornecedor de mão de obra, mas como criador de conteúdo de alto nível. Muitos outros estúdios já estão em negociações com produtoras internacionais.
Escrito por matheus frança
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