No fim de semana da Premier League, o AFC Bournemouth mostrou mais uma vez que está longe de ser só um time de sobrevivência. Em uma partida tensa contra o Newcastle United, o Bournemouth saiu do Vitality Stadium com um ponto, mas a sensação foi de quem ainda acredita em algo maior. O placar ficou 0 a 0, mas o jogo teve momentos que deixaram a torcida vibrando e depois se perguntando o que poderia ter sido. O Cherries chegou bem nos primeiros minutos, parecia pronto para abrir o placar, enquanto o Newcastle apareceu com um time muito remendado, depois de jogar a segunda‑feira na Liga dos Campeões contra o Barcelona. A combinação de um calendário pesado e as mudanças de escalação acabou deixando o time do norte sem ritmo.
Antes da partida, o Bournemouth tinha 10 pontos, ocupando a terceira colocação, um número que faz os adversários pensarem duas vezes antes de subestimar os Cherries. Já o Newcastle, com apenas seis pontos, estava na 13ª posição e sofria com a sequência de derrotas fora de casa. O técnico Eddie Howe, que viu o time perder na noite de terça‑feira, decidiu mexer em sete jogadores da equipe, apostando em dar minutos a alguns jovens e manter os titulares descansados para a próxima rodada da Liga dos Campeões. Essa rotação pesada acabou refletindo no campo: o Newcastle mal chegou a gerar chances claras de gol.
O primeiro destaque do jogo foi a bola quase marcada por David Brooks, que encontrou as redes ainda nos primeiros minutos. O atacante fez um belo sprint pela esquerda, cortou para o centro e raspou a bola no canto esquerdo do goleiro. Mas o árbitro pediu revisão no VAR e a decisão foi clara: fora de jogo. O lance, que poderia ter aberto o placar para o Bournemouth, acabou sendo anulado por um pênalti de linha. Depois disso, a partida seguiu com chances raras. O Newcastle tentou pressionar, mas a defesa do Bournemouth se manteve compacta, enquanto o meio‑campo britânico lutava para conduzir a bola com propriedade.
Os números do jogo reforçam a história de um empate sem sustos. O Newcastle disparou apenas um chute a gol, com um xG (expected goals) de 0,14, ou seja, pouca chance de balançar as redes. O Bournemouth, por sua vez, tentou duas finalizações a gol, totalizando um xG de 0,56. Em termos de posse, o time da costa sul ficou levemente à frente, mas não conseguiu converter a maior parte das oportunidades criadas. A falta de finalizações certeiras de ambos os lados explica o placar sem gols.
Além do resultado, o confronto trouxe um marco histórico para o Newcastle. Com esse empate, o clube se tornou o primeiro da história da Premier League a empatar seus primeiros três jogos fora de casa com placar 0 a 0. Um fato que pode ser visto como azar ou como sintoma de um ataque que ainda não encontrou ritmo. No lado defensivo, Malick Thiaw fez sua estreia como titular. O zagueiro quase recebeu o segundo amarelo no final da partida, mas conseguiu se retirar antes que o árbitro marcasse. O treinador Eddie Howe, ao substituir Thiaw, evitou um risco maior de expulsão.
Após o apito final, o técnico do Bournemouth, Scott Parker, comentou que o ponto era importante para manter a confiança da equipe. "Ainda queremos vencer, mas sair com um ponto fora de casa contra um time que está em transição é positivo", afirmou. Já o treinador do Newcastle, Eddie Howe, reconheceu que a rotação pesada custou caro e que o time precisa reagir nos próximos jogos para sair da zona de perigo. Com o empate, o Bournemouth continua na briga pelas primeiras posições, enquanto o Newcastle permanece em um meio‑campo incerto, precisando de três resultados positivos para voltar ao caminho da vitória.
No domingo, o London Stadium foi palco de mais um duelo decisivo da Premier League. O Crystal Palace chegou determinado a fazer três pontos contra o West Ham United, que vinha enfrentando uma fase ruim. A partida acabou em 2 a 1 para o visitante, mas o caminho até o gol teve altos e baixos que deixaram os torcedores com o coração na mão.
O West Ham, sob o comando de Graham Potter, somava apenas três pontos depois de duas rodadas, ocupando a zona de risco. A torcida já começava a manifestar insatisfação, e o clima dentro do estádio ficou tenso. Já o Palace, com duas vitórias e um empate, acumulava nove pontos, posição que coloca o clube na zona de classificação europeia, ainda que ainda com muitas partidas pela frente.
O primeiro gol saiu aos 37 minutos, quando Jean‑Philippe Mateta recebeu um passe na área e bateu colocado, abrindo o placar para o Palace. O lance foi rápido e pegou a defesa do West Ham desprevenida, que ainda não tinha encontrado ritmo. O estádio vibrou, mas a alegria durou pouco.
Logo depois do intervalo, o West Ham reagiu. Aos 49 minutos, Jarrod Bowen recebeu uma bola na entrada da área, driblou um marcador e acertou a rede, colocando tudo em igualdade. O gol trouxe esperança à torcida hammers e pareceu mudar o ritmo da partida, que passou a ficar mais aberta.
Mas o momento mais marcante veio aos 68 minutos. Tyrick Mitchell, que entrou no segundo tempo, encontrou espaço na esquerda, recebeu um cruzamento de Pape Mataré e finalizou de peito, num ângulo improvável. A bola entrou no canto superior, deixando o goleiro sem reação. O gol inesperado fez o estádio se dividir entre aplausos e vaias, mas garantiu os três pontos ao Palace.
O gol de Mitchell surpreendeu até os mais experientes. Normalmente o jogador é visto como meio‑campista defensivo, mas naquela jogada mostrou que tem olho para o ataque. A comemoração foi rápida, com os companheiros abraçando o autor e a torcida chorando de alegria. O técnico do Palace, Roy Hodgson, saiu ao campo para parabenizar a equipe e chegou a apontar que o esforço coletivo fez a diferença.
Os números confirmam a competitividade do duelo. O Palace teve 55% de posse de bola, tentou 14 chutes, dos quais 6 foram a gol. O West Ham ficou com 45% de posse, 9 finalizações e 2 a gol. O xG do Palace ficou em 1,25, enquanto o do West Ham foi 0,9, refletindo que o primeiro teve mais oportunidades claras.
Com a vitória, o Crystal Palace subiu para nove pontos, posição que o coloca perto da zona dos quatro primeiros. O West Ham, por sua vez, permanece com três pontos, ainda muito longe da zona de segurança. Os próximos confrontos serão decisivos: o Palace encara o Manchester City, enquanto o West Ham encara o Arsenal, duas provas de fogo que podem mudar o futuro de ambos os clubes.
A derrota aumentou ainda mais a pressão sobre Graham Potter. A imprensa já começou a questionar seu futuro, e os torcedores, cansados de promessas não cumpridas, têm cantado protestos nas arquibancadas. O técnico, em entrevista pós‑jogo, defendeu que a equipe ainda está em processo de adaptação e pediu paciência. No entanto, a falta de pontos pode tornar a situação insustentável. Rumores na diretoria já giram sobre possíveis substituições, embora ainda não haja anúncio oficial.
O fim de semana mostrou como a Premier League pode ser imprevisível. Times considerados tradicionais, como Newcastle e West Ham, ainda perseguem consistência, enquanto clubes como Bournemouth e Palace conseguem superar expectativas. Essa balança de surpresas deixa a competição mais emocionante para quem acompanha, e indica que a luta por títulos e por sobreviver ainda tem muito caminho pela frente.
Escrito por matheus frança
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