Proclamação da República: tudo que você precisa saber

Se você acha que o Brasil sempre foi República, está enganado. Em 15 de novembro de 1889 o país trocou a coroa por um chapéu de soldado e, de repente, o Império acabou. Mas como isso aconteceu na prática? Vamos bater um papo rápido sobre os motivos, os protagonistas e o que mudou depois daquele dia.

Como tudo começou

Nos últimos anos do reinado de Dom Pedro II o Brasil já mostrava sinais de cansaço. A escravidão ainda existia, a elite cafeeira queria mais autonomia e o Exército sentia que o monarca não dava atenção suficiente às questões militares. A gota d'água foi a queda da monarquia em 1888, quando a Lei Áurea acabou com a escravidão e tirou um dos principais pilares de apoio ao imperador.

Com a mão vazia, a família real e seus aliados ficaram vulneráveis. Foi aí que o marechal Deodoro da Fonseca, então governador da província de Minas Gerais, recebeu um convite de oficiais do Exército para assumir a liderança de um movimento que já se agitava em Salvador e no Rio de Janeiro.

O dia da Proclamação

Na manhã de 15 de novembro, o então presidente da Câmara dos Deputados, Benjamin Constant, e o então governador da província da Bahia, Visconde de Ouro Preto, já estavam mobilizando tropas. Deodoro, ainda relutante, acabou cedendo à pressão dos militares e, às 09h30, subiu ao Palácio do Imperial e leu a famosa proclamação: "Eu, Deodoro da Fonseca, proclamando a República, do nosso povo, para nosso povo, a partir deste dia, o Brasil torna‑se República".

O discurso foi rápido, sem cerimônias. O imperador Dom Pedro II, que estava no Palácio do Rio, recebeu a notícia e, sem grandes protestos, deixou o país junto com a família real em 17 de novembro, embarcando para a Europa.

Com a monarquia fora de cena, Deodoro foi escolhido como primeiro presidente da nova República. O governo provisório adotou a Constituição de 1891, inspirada no modelo dos Estados‑Unidos, e criou o cargo de presidente da república, eleito indiretamente pelos Estados.

Mas a transição não foi só festa. O novo regime trouxe instabilidade política, revoltas regionais (como a Revolta da Armada) e um período de ditadura militar de fato, já que o Exército passou a ter papel central na política.

Legado da Proclamação

Quinhentos anos depois, a Proclamação da República ainda mexe com a identidade nacional. O feriado de 15 de novembro reúne desfiles cívicos, debates em escolas e shows de fogos. Mais importante, ela marcou o início de um Brasil que se organiza em estados federados, com um presidente eleito (hoje por voto direto) e um sistema de separação de poderes.

Alguns críticos apontam que a mudança não trouxe justiça social imediata – a desigualdade ainda é alta, e a classe trabalhadora só começou a ganhar voz décadas depois. Mas, sem dúvida, o fim do Império abriu espaço para a construção de instituições modernas, como o Banco do Brasil, a Marina de Guerra e o desenvolvimento de uma imprensa mais livre.

Se você ainda tem dúvidas sobre quem foram os verdadeiros protagonistas ou como a Proclamação influenciou a economia, vale dar uma olhada nos documentos da época – o discurso de Deodoro, a carta de Dom Pedro II pedindo a passagem segura da família e as primeiras edições da "Gazeta da República".

Em resumo, a Proclamação da República foi um ponto de virada: a monarquia acabou, o exército ganhou voz e o país começou a trilhar um caminho que ainda está sendo escrito. Entender esse momento ajuda a colocar em perspectiva os debates atuais sobre democracia, poder militar e a busca por um Brasil mais justo.

Pronto para revisitar 15 de novembro com novos olhos? A história está cheia de detalhes curiosos – como a única vez que um presidente foi escolhido sem voto popular – e cada detalhe ajuda a entender o Brasil de hoje.