A Petrobras anunciou um aumento no preço do diesel em suas refinarias, fixando um acréscimo de R$0,22 por litro para distribuidores, a partir de 1º de fevereiro de 2025. Esse movimento é parte de uma estratégia da empresa estatal de reduzir a diferença entre os preços praticados no mercado interno e os valores internacionais. Com essa medida, a Petrobras tenta se alinhar às práticas de mercado globais, ao mesmo tempo que lida com as pressões internas por manter preços competitivos e justos para os consumidores brasileiros.
A decisão foi tomada após uma reunião entre a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o encontro, Chambriard destacou a necessidade de reajustar os preços do diesel para que se aproximem dos benchmarks internacionais. Este aumento surge em meio a debates sobre a política de precificação da Petrobras, que tem enfrentado críticas pela significativa diferença entre seus preços e a paridade de importação, conforme análises da consultoria StoneX. Segundo a consultoria, o diesel da Petrobras estava R$0,36 abaixo da paridade de importação, representando uma discrepância de 10,4%.
Outro fator que acentua essa necessidade de reajuste são os dados apresentados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (ABICOM). Segundo a associação, essa lacuna é ainda maior, com os preços do diesel R$0,55 abaixo dos valores internacionais, cerca de 16% a menos. Essa diferença ilustra o desafio persistente da Petrobras de gerenciar os preços de maneira a refletir o mercado global, mas também a necessidade de proteger o mercado interno de volatilidades excessivas.
Além do ajuste nos preços do diesel, houve também a inclusão de um aumento no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis. A alíquota do ICMS sobre o diesel subirá 5%, fixando-se em R$1,12 por litro, enquanto a da gasolina enfrentará um aumento de 7%, alcançando R$1,47 por litro. Esses ajustes fiscalizam comprometer o orçamento familiar e aumentar as pressões inflacionárias, especialmente em um cenário onde os preços dos alimentos já demonstram tendências de alta.
A política de preços da Petrobras visa blindar o mercado interno diante das flutuações de preços internacionais, no entanto, a companhia está sob pressão para ajustar suas tarifas, devido ao crescente gap com os mercados externos. Paralelamente, o Governo Federal está atento aos possíveis impactos inflacionários decorrentes desses aumentos nos combustíveis, especialmente face ao descontentamento público crescente e o aumento dos custos de alimentos. A decisão ilustra a dinâmica complexa entre as políticas de mercado e as considerações políticas no gerenciamento da maior empresa estatal do país.
Analistas apontam que o ajuste nos preços do diesel reflete um esforço temporário para mitigar perdas financeiras para a Petrobras, ao invés de uma solução definitiva para os desafios de paridade. A possibilidade de novos ajustes permanece no horizonte, uma vez que a empresa busca diminuir as perdas e otimizar sua operação no ambiente global difícil. A Petrobras tem um papel crucial na economia brasileira e qualquer alteração na sua política de preços reverbera além do mercado de combustíveis, influenciando diretamente todos os setores a ele relacionados.
O contexto político também não pode ser ignorado, pois as decisões da Petrobras são frequentemente analisadas sob a lente da política econômica do governo em exercício. A recente reunião entre a Petrobras e o governo sinaliza uma disposição em encontrar um equilíbrio que considere tanto as necessidades de mercado quanto as preocupações públicas e políticas. Enquanto isso, os brasileiros aguardam como essas mudanças irão impactar seu dia a dia e, especialmente, sua carteira no decorrer dos próximos meses.
Escrito por Thiago Neves
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